quarta-feira, 2 de março de 2011

HUMOR COM LUIS FERNANDO VERÍSSIMO

Créditos da foto


Minhas férias estão a cada dia se transformando em momentos lights(rsrs)! Tenho procurado analisar as situações, não falar demais quando tenho oportunidade, e nessas oportunidades , usá-las sempre para enriquecer, enobrecer, nunca para acusar ou julgar. Acho que agindo assim acabo por querer passar o que de melhor, e o que me faz rir para vocês! Adoro Luis Fernando Veríssimo! Ele trata dos fatos da vida de um modo tão pitoresco e lúdico que, fico horas e horas lendo os textos maravilhosos que ele nos proporciona! Um homem tão inteligente, com essa visão, nossa... Ele é demais! O texto a  seguir fala sobre um assunto comum, mas que sempre causa espanto nos mais chegados: a separação de um casal. Por mais que a gente ache comum, nem sempre aceitamos logo de início, parece besteira, mas é uma situação delicada e difícil. 
Entretanto,  ao ler o texto, pensem se realmente não é assim que acontece. As reações das pessoas, dos amigos. 

Os Moralistas de Luís Fernando Veríssimo

— Você pensou bem no que vai fazer, Paulo?

— Pensei. Já estou decidido. Agora não volto atrás.

— Olhe lá, hein, rapaz...
Paulo está ao mesmo tempo comovido e surpreso com os três amigos. Assim que souberam do seu divórcio iminente, correram para visitá-lo no hotel. A solidariedade lhe faz bem. Mas não entende aquela insistência deles em dissuadi-lo. Afinal, todos sabiam que ele não se acertava com a mulher.
— Pense um pouco mais, Paulo. Reflita. Essas decisões súbitas...

— Mas que súbitas? Estamos praticamente separados há um ano!

— Dê outra chance ao seu casamento, Paulo.

— A Margarida é uma ótima mulher.

— Espera um pouquinho. Você mesmo deixou de freqüentar nossa casa por causa da Margarida. Depois que ela chamou vocês de bêbados e expulsou todo mundo.

— E fez muito bem. Nós estávamos bêbados e tínhamos que ser expulsos.

— Outra coisa, Paulo. O divórcio. Sei lá.

— Eu não entendo mais nada. Você sempre defendeu o divórcio!

— É. Mas quando acontece com um amigo...

— Olha, Paulo. Eu não sou moralista. Mas acho a família uma coisa importantíssima. Acho que a família merece qualquer sacrifício.

— Pense nas crianças, Paulo. No trauma.

— Mas nós não temos filhos!

— Nos filhos dos outros, então. No mau exemplo.

— Mas isto é um absurdo! Vocês estão falando como se fosse o fim do mundo. Hoje, o divórcio é uma coisa comum. Não vai mudar nada.

— Como, não muda nada?

— Muda tudo!

— Você não sabe o que está dizendo, Paulo! Muda tudo.

— Muda o quê?

— Bom, pra começar, você não vai poder mais freqüentar as nossas casas. As mulheres não vão tolerar.

— Você se transformará num pária social, Paulo.

— O quê?!

— Fora de brincadeira. Um reprobo.

— Puxa. Eu nunca pensei que vocês...

— Pense bem, Paulo. Dê tempo ao tempo. Deixe pra decidir depois. Passado o verão.

— Reflita, Paulo. É uma decisão seriíssima. Deixe para mais tarde.

— Está bem. Se vocês insistem...

Na saída, os três amigos conversam:

— Será que ele se convenceu?

— Acho que sim. Pelo menos vai adiar.

— E no solteiros contra casados da praia, este ano, ainda teremos ele no gol.

— Também, a idéia dele. Largar o gol dos casados logo agora. Em cima da hora. Quando não dava mais para arranjar substituto.

— Os casados nunca terão um goleiro como ele.

— Se insistirmos bastante, ele desiste definitivamente do divórcio.

— Vai agüentar a Margarida pelo resto da vida.

— Pelo time dos casados, qualquer sacrifício serve.

— Me diz uma coisa. Como divorciado, ele podia jogar no time dos solteiros?

— Podia.

— Impensável.

— É.

— Outra coisa.

— O quê?

— Não é reprobo. É réprobo. Acento no "e".

— Mas funcionou, não funcionou?

Texto extraído do livro "As Mentiras que os Homens Contam", Editora Objetiva - Rio de Janeiro, 2000, pág. 41.
A vida e a obra de Luis Fernando Verissimo estão em "Biografias".
  

4 comentários:

ValériaC disse...

Realmente fantásticos textos do Veríssimo, amiga...
Que bom que está aproveitando bem suas férias...e continue assim, na alegria...beijinhos
Valéria

Jorge disse...

Divertido o mínimo que se pode dizer do Veríssimo. Sabe contar com humor como poucos.
Adorei, minha amiga!!!

Um super beijo!!!

Luciana Kotaka disse...

Que bacana! Bom feriado amiga. Bjs

Jeanne Geyer disse...

genial como sempre, adoro Veríssimo!rsrs
Beijos :)

 

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